quinta-feira, 21 de julho de 2011

Infância e descoberta: conhecendo a linguagem da arte, indo de encontro aos estereótipos

Infância e descoberta: conhecendo a linguagem da arte, indo de encontro aos estereótipos


Bruna Pereira Alves

RESUMO

As crianças começam a ter contato com a arte na educação infantil. Nesta fase, elas sonham acordadas, inventam e descobrem coisas, se aventuram em um mundo desconhecido, não têm medo de criar. Pensando neste contexto, venho destacar a importância de o professor aproveitar esta fase de seus alunos e disponibilizar recursos para aprimorar o conhecimento deles e aguçar sua curiosidade e vontade de desvendar, já que é assim, que os alunos ampliarão seu vocabulário visual e darão asas a sua imaginação. Assim, escrevo este artigo, para levantar a importância de o professor agitar-se no movimento de mudanças e descobertas, argumentando e criticando, movimentando-se no sentido de oportunizar ao seu aluno um melhor ambiente de aprendizagem. Além disso, venho levantar como outro ponto essencial em minha discussão, a questão dos estereótipos, muito difundidos no ambiente escolar, destacando a importância de se pensar sobre eles, e sua influência sobre os alunos, principalmente na educação infantil, em que a criança começa a criar conceitos e relações novas a respeito do que aprende, não devendo ter como base modelos prontos. Desta forma, levanto a importância de o professor utilizar os jogos e o lúdico para chamar a atenção de seus alunos para o que ele está apresentando e, sem utilizar estereótipos, possibilitá-los a utilizar a imaginação para fazer arte.

Palavras-chave: Arte; Criar; Estereótipos; Imaginação. 


INTRODUÇÃO
A infância é uma época de descobertas, aventuras e magia para as crianças. É nesta fase, durante a educação infantil, que elas terão seus primeiros contatos com as linguagens da arte, cabendo ao professor valorizar os conhecimentos e a criatividade que elas trazem para a sala de aula e compreender a importância existente no ato de elas explorarem, pesquisarem e criarem coisas novas. O que realmente importa a elas é o brincar aprendendo, é esperar curiosamente pelo inesperado, estar envolvida com o lúdico e com a possibilidade de sonhar, pois assim, ela aprende se sentindo mais realizada e mais feliz.

Em virtude disso, venho levantar e destacar a importância de se pensar a questão dos estereótipos, conceitos padronizados, na educação infantil; já que é nesta fase que a criança começa a criar conceitos e relações novas a respeito do que aprende, não devendo assim, sofrer influência destes, pois poderá levar consigo sempre a idéia de que os desenhos bonitos são os estereotipados, e não querer realizar seus próprios traços.

Além disso, devemos considerar ainda, que a arte e seus elementos estão presentes em nosso dia-a-dia; não devendo ser vista como meio de oportunizar prazer às crianças, para trabalhar a coordenação motora ou para enfeitar as salas de aulas, mas ao contrário, deve-se trabalhar a arte como contribuição para a construção do conhecimento sensível da criança, já que contribui também, para a educação do olhar desta, e ajuda a ampliar suas leituras de mundo.

Esses são alguns dos motivos pelos quais venho escrever este artigo, para levantar a importância de o professor agitar-se no movimento de mudanças e descobertas, assim como, argumentar, criticar e fazer-se presente nas mudanças, movimentando-se no sentido de oportunizar ao aluno um melhor ambiente de trabalho e aprendizagem, ajudando-o a ampliar suas visões de mundo e a não restringir suas idéias a estereótipos.

REFERENCIAL TEÓRICO
As crianças sentem prazer em desenhar, pintar, rabiscar, cortar e criar; é assim que elas se expressam. Elas utilizam sua imaginação para inventar ou transformar desenhos, criando sempre o inusitado, o novo, o diferente.

As crianças desvelam-se e revelam-se por meio de manifestações expressivas, cabendo as instituições de educação infantil e aos professores, oportunizar a elas momentos de criação, compreensão, imaginação e ressignificação. Sendo fundamental que o professor observe os limites da criança na arte de desenhar, e compreenda também, a importância de a criança criar seu desenho e titulá-lo livremente, sem se basear em modelos pré-determinados, evitando assim, que esses modelos prontos interfiram no imaginário da criança. 

Além disso, sabemos que é na medida em que a criança vai fazendo novas descobertas e tendo contato com novos materiais, que ela vai estruturando seu vocabulário visual. Sendo de extrema importância, que o professor disponibilize materiais diversos como: argila, papel, isopor, tinta, sucata, e deixe que ela descubra as diversas utilidades que eles têm, tendo liberdade para inventar coisas que para o professor muitas vezes não têm significado, mas que para ela faz muito sentido.

Segundo Cunha (1999, p. 10), "para que as crianças tenham possibilidades de desenvolverem-se na área expressiva, é imprescindível que o adulto rompa com seus próprios estereótipos (...)" , assim, o professor tem que fazer parte do processo de descoberta da criança, desprezando os estereótipos e abrindo a mente para novas idéias e novos materiais, não só entendendo, mas vivenciando as linguagens da arte com a criança. 

Sabendo também da importância de não somente contemplar a produção do aluno, como a leitura desta produção e de outras imagens, reforço a idéia de ampliar as possibilidades do que é apresentado a eles, diversificando sempre e tentando não se prender a estereótipos. Estes, por sua vez, fazem com que muitos alunos acabem seguindo-os por pensarem que assim terão seus trabalhos aceitos mais facilmente pelos professores, mas na verdade, o que ocorre é que com os estereótipos as crianças aos poucos desaprendam o seu próprio desenho, perdendo a confiança nos seus traços e começando a considerá-los "feios". 

Mas se sabemos que os estereótipos são negativos, por que eles ainda são tão presentes em nosso cotidiano? A resposta, acredito eu, está no fato de que a maioria das vezes os estereótipos são basicamente os mesmos, e de tão reproduzidos e utilizados, se tornam largamente difundidos e aceitos. Assim acontece na escola, onde percebe-se que os estereótipos estão muito presentes, muitas vezes em formas de desenhos perfeitos que enfeitam as salas, aparecendo como pretexto de tornar o ambiente mais atraente e interessante para a criança.

Pensando agora em nossas vivências, sabemos que nós vemos o que compreendemos e o que temos condições de entender. Assim, para que realmente possamos ver um objeto, devemos percebê-lo em suas relações com o sistema simbólico que lhe dê significado. O significado, por sua vez, está relacionado ao sentido que se dá a situação, pois estabelecemos relações do que estamos vendo com as nossas experiências. Entrelaça-se informações do contexto sociocultural em que a situação ocorreu e os conhecimentos do leitor (sua imaginação, suas inferências).

De acordo com Pillotto, o sentido e o significado que as crianças dão aos objetos, às situações e às relações passam pela impressão que elas têm do mundo, de seu contexto histórico e cultural, dos afetos, das relações inter e intrapessoais (PILLOTTO, 2007, p. 23).

Pensando nisso, percebe-se que não só as crianças, mas todos nós fazemos ligações do que estamos vendo com: as experiências que já vivenciamos, nossas lembranças, nossas interpretações, fantasias e até mesmo, com os últimos acontecimentos que presenciamos. Assim, se o contexto, as informações, as vivências de cada leitor estão presentes ao procurar dar um sentido para a imagem, observa-se que as crianças, por exemplo, geralmente fazem relações de uma imagem com algum personagem de história ou programa infantil que elas conhecem.

Ostetto (2007, p. 35-36) diz que "não é mesmo novidade dizermos que é pelas diferentes experiências com/no mundo sensível que a criança vai se apropriando de formas mais complexas de ver e ler esse mesmo mundo sentido." Pensando assim, reforço a idéia de que a criança faz sua interpretação em função de suas informações e dos seus interesses, tendo como fundamento as suas vivências. 

Outro elemento importante nas interpretações e relações dos alunos é a imaginação, já que ela se alimenta das experiências vividas por cada um e é responsável pela construção da cultura. Assim, para facilitar esta imaginação e criação dos alunos, cabe ao professor modificar a disposição dos objetos da sala de aula, possibilitando ao aluno situações diferenciadas que enriqueçam a sua produção e fazendo assim, com que ele veja as coisas de formas variadas, já que essas mudanças possibilitarão à criança visões diversificadas, não fazendo com que ela fixe-se em um único modelo de sala de aula. Assim, o professor não estará influenciando o aluno, mas ao contrário, instigando-o a ter novas visões. 

Segundo Pillotto, a organização do espaço poderia compreender pequenos cantos com objetos e situações diferenciadas, mobiliários postos de forma a possibilitar flexibilidade para trocas de lado, formas, para o acréscimo de outros objetos, e a retirada de outros etc. (PILLOTTO, 2007, p. 20). 

Além disso, deve-se levar em conta que as crianças se apropriam de novas formas de compreender o mundo de acordo com o que vivenciam. Elas inventam, contam histórias, descobrem coisas, fazem poesia. Essa última, por sua vez, termina no momento em que o professor interfere na criação e descoberta da criança, dando-lhes por exemplo, folhas mimeografadas com desenhos prontos e perfeitos, sem permitir-lhes criar, influenciando assim, em seu processo imaginário. É fundamental ainda, trazer a poesia novamente para a escola, para que a criança possa criar realidades, fundar mundos, revelar o desconhecido, pintar imagens, modelar formas e construir pontes.

Portanto, pensar nas ações que possibilitem às crianças experiências com as linguagens da arte, ajudará a desenvolver nelas a imaginação, a percepção, a intuição, a emoção e a criação. Segundo Pillotto (2007, p. 25), "a imaginação nasce do interesse, do entusiasmo, da nossa capacidade de nos relacionar. Por isso as instituições educacionais precisam estar atentas ao currículo, propondo ações voltadas ao interesse das crianças." Assim, é importante utilizar o lúdico, o brinquedo e o jogo como elementos fundamentais no cotidiano das crianças, já que seu fazer criativo está sempre ligado às suas experiências de vida visando novas perspectivas e novas aprendizagens.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
É necessário começar a educar o olhar da criança desde a educação infantil, possibilitando atividades de leitura para que além do fascínio das cores, formas e ritmos, ela possa compreender e analisar como a linguagem visual se estrutura, e assim, possa pensar criticamente sobre as imagens.

Além disso, deve-se fazer com que a escola vá além das vivências artísticas com as quais está acostumada. Ela deve ajudar a criança a conhecer outras épocas históricas, outras culturas, outras formas de expressão, cabendo ao professor fazer com que a criança compreenda o mundo em que está inserida, situando-a em diferentes contextos sócio-culturais.

Cabe ao professor também, aguçar os sentidos de seus alunos apresentando-lhes novos materiais e levantando questões sobre eles. Lembrando sempre, que muitas vezes o limite da criança é o próprio corpo e o alcance de sua mão será o que delimitará o espaço de atuação gráfico-plástica e, que para a manipulação destes distintos materiais, ela possivelmente irá se sujar.

Outro ponto muito importante também, é que o educador mantenha uma linha de trabalho, ligando uma aula à outra e explorando o inusitado junto com seu aluno, se aventurando a aprender caminhos novos e reaprendendo a utilizar a imaginação. 

Além disso, reforço ainda, a idéia de que os desenhos estereotipados, empobrecem a percepção e a imaginação da criança, não permitindo que ela desenvolva naturalmente seu potencial. Assim, nós, como educadores, devemos oferecer maior espaço para a expressão de nossos alunos, negando os estereótipos, já que somos contra a acomodação e reprodução e acreditamos no poder de criatividade e individualidade de cada um.

Assim, acredito que, para que a linguagem da arte venha se fazer presente na educação infantil, é necessário ligá-la ao lúdico, ao jogo, ao brincar, ao criar, ao imaginar, ao perceber, possibilitando a criança a construção não só do conhecimento cognitivo, mas principalmente, do sensível. Penso ainda, que um elemento importantíssimo na construção do imaginário infantil é o fato de o professor não se impor ao processo de criação da criança, devendo se libertar ao máximo dos estereótipos que tanto as influenciam e permitindo que estas possam inventar, descobrir e sonhar livremente, colocando no papel as idéias que estão em seu pensamento, dando asas a sua imaginação.

REFERÊNCIAS
CUNHA, Susana Rangel Vieira da. Pintando, bordando, rasgando, desenhando e melecando na educação infantil. In: Cor, som e movimento: a expressão plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. Porto Alegre: Mediação, 1999. p. 07-36.

PILOTTO, Silvia Sell Duarte. As linguagens da arte no contexto da educação infantil. In: PILOTTO, Silva Sell Duarte (org.). Linguagens da arte na infância. Joinvile-SC: UNIVILLE, 2007. p. 17-28.

OSTETTO, Luciana Esmeralda. Entre a prosa e a poesia: fazeres, saberes e conhecimento na educação infantil. In: PILOTTO, Silva Sell Duarte (org.). Linguagens da arte na infância. Joinvile-SC: UNIVILLE, 2007. p. 29-45.

Bruna Pereira Alves - Aluna de Graduação do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria

DATAS COMEMORATIVAS NAS ESCOLAS BRASILEIRAS E ALIENAÇÃO


DATAS COMEMORATIVAS NAS ESCOLAS BRASILEIRAS E ALIENAÇÃO

Eliane Pinheiro Fernandes

Faz muito tempo que me sinto extremamente incomodada com algo que considero bastante grave nas escolas por onde passei: a recusa dos educadores em refletirem, discutirem e organizarem projetos ou aulas que “desconstruam” a relação entre data comemorativa e consumismo. Todo início de ano é a mesma coisa: durante a reformulação do projeto pedagógico da escola não há espaço para um planejamento com ações voltadas à análise crítica das datas comemorativas. Comumente as professoras e professores improvisam uma atividade copiada de algum blog na internet ou das centenas de álbuns do “Picasa” com coelhos fofos e “papais noéis” graciosos. Há escolas que planejam melhor: economizam algum tipo de verba para contratarem um Papail Noel que dê pirulitos ou compram ovos pequeninos de chocolate aos montes… Quando questiono os colegas sobre a razão de ações como essas, geralmente respondem que “coitados, muitos desses meninos só terão esse pequeno ovo, pois são tão pobres que não ganharão um…”. Ora! Com a avalanche de propagandas de ovos de chocolate de toda sorte, tamanho, com e sem brinquedos dentro, a criança se sentirá consolada com um ovo de 50 gramas? Não. Continuará desejando um grande e pesado ovo de páscoa do Ben10. Sentir-se-á igualmente excluído, marginalizado, miserável. A perpetuação pelas escolas da figura de um Papai Noel que ao invés de dar um vídeo game ou uma bicicleta oferece um pirulito é irônica e cruel. A fome de dignidade e inclusão do pobre é sanada quando lhe ensinam que não é um fracassado, mas que o sistema capitalista é que é desumano, que pessoas inteligentes devem resistir bravamente à ordem imperativa da mídia: “Jesus nasceu! Vamos ao Shopping?”. O educador humanista não reproduz o sistema de consumismo, exclusão e marginalização, mas ensina aos seus alunos que as pessoas valem pelo que são, não pelo que têm. O filme brasileiro “Quanto vale ou é por quilo?”, do diretor Sérgio Bianchi¹ faz uma analogia interessante entre o período de escravidão e as políticas sociais brasileiras dos nossos dias. Mas o que me chocou mesmo foi relembrar da função dos negros capitães do mato: capturar negros fugidos. Fiquei pensando que se ao invés de incentivar a liberdade do pensamento, um professor apenas contribui em reproduzir os costumes e falácias capitalistas não estaria, da mesma forma, agindo como o capitão do mato?
O curioso é que a documentação pedagógica das escolas mencionam como objetivo “a formação de cidadãos autônomos, crítico e, participativos” (conforme constam nos Parâmetros Curriculares Nacionais²) e na prática não há espaço para que essas habilidades sejam desenvolvidas.
Tomemos como exemplo o famigerado velhinho de barbas brancas: quem é o papai Noel? São Nicolau foi um bispo turco, do século II d.c. que ajudava os pobres no inverno. Na Alemanha sua imagem era de um velhinho com roupas de inverno verdes ou marrom. No ano de 1934 a Cola-cola lançou uma campanha de marketing com São Nicolau (ou Santa Claus, como preferem os americanos) vestido de vermelho com botas e cintos pretos, cores do refrigerante. Um símbolo claro do capitalismo, é isso que as crianças pintam nas folhas mimeografadas nas escolas. E mesmo que se comportem bastante durante todo o ano, o “bom velhinho” não aparecerá em suas casas. Como diria a banda Garotos Podres³: “Papai Noel, velho batuta, rejeita os miseráveis. Presenteia os ricos e cospe nos pobres.”
Não há prática discente sem política, porque educação e política são uma coisa só. Ou estimulo meus alunos à criticidade ou reproduzo o sistema dominante. Paulo Freire (1996) confere aos educadores a missão de lutar contra o determinismo:
Não se trata, obviamente, de impor à população expoliada e sofrida que se rebele, que se mobilize, que se organize para defender-se, vale dizer, para mudar o mundo. Trata-se, na verdade, de desafiar os grupos populares para que percebam, em termos críticos, a violência e a profunda injustiça que caracterizam sua situação concreta. Mais ainda, que sua situação não é o destino ou vontade de Deus, algo que não possa ser mudado. [...] Partindo de que a experiência da miséria é uma violência e não a expressão da preguiça popular ou fruto da mestiçagem ou da vontade punitiva de Deus, violência contra o que devemos lutar, tenho, enquanto educador, de me ir tornando cada vez mais competente, sem que a luta perdera a eficácia.


Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto ou aquilo. [...] Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura”.
O tema “Datas comemorativas” é tão complexo que cabe ainda tratarmos outro aspecto que não pode ser ignorado: a imposição religiosa em um Estado Laico. Alunos judeus, budistas, testemunhas de Jeová, mulçumanos, ateus e evangélicos de algumas denominações que não comemoram Natal e Páscoa, são ignorados e convidados a pintar o coelho da páscoa e o Papai Noel. Ouvem sobre a ressurreição e morte de Jesus, independentemente do que crêem. Sou cristã apaixonada e não gostaria que me enfiassem goela abaixo que Maomé é um profeta messiânico que ascendeu aos céus, vivo, em um cavalo. Respeito, mas não é essa minha profissão de fé. Da mesma forma não devo também respeitar outras crenças que se distinguem da minha? A professora e autora do livro “Ensino Religioso em Escolas Públicas: Impactos sobre o Estado Laico”, Roseli Fischman, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), perita da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para a Coalizão de Cidades contra o Racismo e a Discriminação, responsável pelo capítulo sobre pluralidade cultural dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em entrevista à Revista Nova Escola (2009) afirma que:
No artigo 19 da Constituição, há dois incisos claros. O primeiro afirma ser vedado à União, aos estados, aos municípios e ao Distrito Federal estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público. O outro proíbe criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. Ambos são os responsáveis pela definição do Estado laico, deixando-o imparcial e evitando privilegiar uma ou outra religião, para que não haja diferenças entre os brasileiros. Ora, se o Estado é laico, a escola pública, que é parte desse Estado, também deve sê-lo. [...]Não importa se a escola tem só um estudante de fé diferente (ou ateu) ou se 100% dos alunos e funcionários compartilham a mesma crença. A escola é um espaço público e deve estar preparada para receber quaisquer pessoas com o respeito devido. [...] A grande presença no interior das escolas brasileiras ainda é a de práticas católicas. De outros grupos, o que existe muitas vezes é a manifestação de valores e atitudes, voltadas para garantir respeito à sua identidade religiosa, para se defender de tentativas de imposição, notadamente dos católicos. [...]A religião não impede a violência. A idéia de que ela sempre faz bem é equivocada. Basta lembrar que grande parte das guerras teve origem em conflitos religiosos. Na escola, a violência deve ser combatida com o ensino ao respeito e ao reconhecimento da dignidade intrínseca a todos, não com o pensamento de que apenas as pessoas que acreditam na mesma divindade merecem consideração. [...]A escola pública não pode se transformar em centro de doutrinação ao sabor da cabeça de um ou de outro. O espaço público é de todos. Além disso, o respeito à diversidade é um conteúdo pedagógico. É importante aprender a conviver com as diferenças e a valorizá-las e não criar um ambiente de homogeneização, em que aquela pessoa que não se enquadra é deixada à parte ou vista com desconfiança e preconceito”.
Ignorar a presença das comemorações e influência das mídias em nossa sociedade também não contribui em nada na formação dos alunos como cidadãos autônomos e críticos. Cabe ao professor humanista aproveitar essas e outras datas, como o Dia das Crianças, Dia das Mães, Dia dos Pais… para desenvolver um trabalho bem planejado e teoricamente bem pautado.
ELIANE PINHEIRO
Notas:
1.BIANCHE, Sérgio. Quanto vale ou é por quilo? Produção e direção de Sérgio Bianche. Rio de Janeiro: Agravo Produções Cinematográficas S/C Ltda, 2005.
2.BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução. 3 ed. Brasília: MEC, vol 1, 1997.
3. MAURO/MAO/SUKATA. Papai Noel, velho batuta. Garotos Podres. In: Mais podres do que nunca. LP, 1985, Rocker/Lup-Som.
4.FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
5.FISCHMANN, Roseli. “Escola pública não é lugar de religião”. São Paulo: Revista Nova Escola Gestão Escolar, Edição 004, Outubro/Novembro 2009. Entrevista concedida a Amanda Polato.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Agenda cultural

Não viajará durante o recesso escolar?
Então aproveite as dicas!

Programe-se
Vik Muniz 3D
Mostra individual de Vik Muniz, artista plástico brasileiro reconhecido por suas experimentações com novas mídias e materiais.
Agendamento de visitas: (61) 33272027 ramais 20 ou 31

Local: Espaço Cultural Contemporâneo - ECCO - SCN Quadra 3 Bloco C Loja 5 - Asa Norte - 3327-2027
Data: Terça a domindo, das 9 às 19h
Preço inteira: Entrada franca
De: 13/06/2011
Até: 14/08/2011




Dinossauros da Patagônia
Exposição inédita de fósseis de dinossauros encontrados na Patagônia. Serão exibidas 10 réplicas, entre elas, a do maior dinossauro carnívoro, o Giaganotasauro.

Local: ParkShopping - SAI/SO, Qd. A1, área 6580 - Guara II -
Data: Segunda a sábado, das 10 às 22h. Domingo, das 12 às 20h
Preço inteira: Entrada franca
Contatos: (61) 3349-3100
De: 08/06/2011
Até: 17/07/2011




Pintura reprojetada

Mostra reúne trabalhos de Alvaro Seixas, Flávia Metler, Hugo Houayek, Lucia Laguna e Rafael Alonso e destaca o relacionamento da pintura contemporânea com a arquitetura e o design. Curadoria de Marcus Lontra.

Local: Espaço Cultural Marcantonio Vilaça - Sede do Tribunal de Contas da União (próximo ao STF) - SAF Sul Quadra 4 Lote 1 - - 3316-5036
Data: Segunda a sexta-feira, das 10h às 19h. Sábados, das 14h às 18h
Preço inteira: Entrada franca
De: 05/07/2011
Até: 03/09/2011





O espaço aberto

Exposição de obras de Eliane Prolik, Cléverson Sálvaro, Deborah Bruel e Joana Corona. Curadoria: Ana Rocha.

Local: Caixa Cultural - SBS, Qd. 3, Lt. 34 - Asa Sul - 3206-6456
Data: De terça a domingo, de 9h às 21h
Preço inteira: Entrada franca
De: 05/07/2011
Até: 14/08/2011




Titanic, a exposição: objetos reais, histórias reais


Na mostra, os visitantes são levados de volta a 1912, recebendo logo na entrada uma réplica do cartão de embarque de um passageiro real que esteve a bordo do Titanic. Em seguida, entram em uma viagem cronológica ao longo da vida do navio, passando pela construção, a vida a bordo, o naufrágio até os incríveis esforços de resgate.
A exposição foi projetada com foco nas histórias reais das 2.228 pessoas a bordo. Os 243 objetos originais retirados do fundo do mar provocam uma ligação atraente com toda a história do Titanic. Frascos de perfumes de um fabricante que viajava à Nova York para vender suas amostras, um alfinete de diamantes e uma escotilha verdadeira da embarcação são alguns dos objetos que estarão expostos no Brasil.
A mostra, que reúne 243 objetos, já foi vista por mais de 22 milhões de pessoas em todo o mundo. Após Brasília, segue para Curitiba.

Pontos de venda:
Na bilheteria no ParkShopping
No site: http://premier.ticketsforfun.com.br/content/outlets/agency.aspx
Na Central Tickets For Fun


Local: ParkShopping - SAI/SO, Qd. A1, área 6580 - Guara II -
Data: Segunda à quinta, das 10h às 21h (acesso à exposição até as 20h). Sexta a domingo e feriados, das 10h às 22h (acesso à exposição até as 21h).

Preço inteira: R$ 40
Preço meia: R$ 20 (Crianças de 0 a 2 anos não pagam)
Contatos: (61) 4003-6464
De: 08/07/2011
Até: 18/09/2011




Férias de Julho – Cinema 6D

Na Praça das Gaivotas.
Exibições dos filmes A Fábrica de chocolates, O trem fantasma, Viagem ao fundo do mar, A mina de ouro, Parque dos dinossauros e Viagem interplanetária.
Sessões de quatro a seis minutos, com efeitos, como movimentação das cadeiras, sensações de vento, vapor dágua e aroma.

Local: Conjunto Nacional - Setor de Diversões Norte, próximo à Rodoviária do Plano Piloto - -
Data: De segunda a sábado, das 10h às 22h. Domingo, das 14h às 20h
Preço inteira: R$ 10 a sessão
De: 01/07/2011
Até: 31/08/2011


O Casamento da dona Baratinha

No teatro do shopping.
O espetáculo da Cia Néia & Nando mostra a saga da personagem em busca de um noivo.

Local: Brasília Shopping - Início da W3 Norte - Asa Norte -
Data: Sábados e domingos, às 15h e 17h
Preço inteira: R$ 30
Preço meia: R$ 15
Contatos: 2109-2122
De: 02/07/2011
Até: 24/07/2011




Branca de Neve

No Teatro da Escola Parque da 307/507 Sul.
Com a Cia Néia e Nando.

Uma bela e invejosa rainha, que também é feiticeira, resolve matar sua enteada, após o espelho mágico dizer que Branca de Neve era mais bonita que ela. Só que o matador se encanta com a beleza da moça e deixa que ela fuja, refugiando-se em uma pequena casa onde moram sete anões. Ao saber que a linda princesinha permanecia viva e continuava a ser a mulher mais bela do reino, a madrasta transforma-se em velhinha e oferta uma maçã envenenada à moça. Branca de Neve caiu em sono profundo. Somente após o beijo de um belo príncipe, o feitiço quebra. Direção e Adaptação: Néia Paz. Duração: 55 minutos.

Data: Sábados e domingos, às 17h
Preço inteira: R$ 30
Preço meia: R$ 15
De: 02/07/2011
Até: 24/07/2011




Cultura regional aos domingos

Na Praça das Palmeiras.
Aos domingos de julho, as crianças vão poder aprender sobre cultura regional e ter a oportunidade de ouvir histórias bem diferentes a cada dia.

03 de julho – Arraiá Besterológico (Cia Doutoras, Música e Risos)
10 de julho – Mateus da Lelé Bicuda (Cia Mamulengo Presepada)
17 de julho – O Romance do Vaqueiro Benedito (Cia Mamulengo Presepada)
24 de julho - Palhaçaria Pilombetagem (Cia Pilombetagem)
31 de julho - Brincando com Bonecos (Mamulengo Sem Fronteiras)



Local: Terraço Shopping - SHC/AOS E A2/08 - Cruzeiro -
Preço inteira: Entrada franca
De: 03/07/2011
Até: 31/07/2011
Informações: (61) 3403 2908

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Mundi canta: Respeitar

Mundi, personagem amiga do Doki (Discovery Kids), canta a música Respeitar.



Doki canta: Todos somos necessários

Livro: Vamos criar com pedras

Sugestão de atividades utilizando papel

No livro "Vamos criar com papel" há várias ideias interessantes. Para visualizar, clique no link abaixo.

Livro: Os Números na História da Civilização

os números na história da civilização

domingo, 3 de julho de 2011

Sugestões das professoras da Escola Classe 100

No dia do Encontro Pedagógico na Escola Classe 100 (21/06), as professoras da EC 100 entregaram para cada participante um DVD com 21 vídeos que foram utilizados por elas no projeto "Minha escola, meu pomar".
Aqui estão alguns destes.



V Encontro Brasiliense de Educação Matemática


Data e Local

23, 24 e 25 de Setembro de 2011

Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação – EAPE (antiga Escola Normal de Brasília)

Endereço: SGAS 907, Conjunto A – Plano Piloto – Brasília -DF



Fração

Fração não deve ser trabalhada na Educação Infantil, certo?
Bem, isto depende muito da intervenção que o professor faz!
A professora Berenice, do Jardim de Infância 116, iniciou um trabalho com frações na sua turma da Educação Infantil a partir do estudo da disciplina Matemática para Crianças Pequenas (Curso de Especialização em Educação Infantil pela Universidade de Brasília) com a Profª Drª Solange Amorim e Amato.
As crianças adoram brincar com massinha de modelar. Então, ela distribuiu além da massinha, pratinhos descartáveis e palitos. Fica muito legal também se dermos para as crianças algum objeto em formato circular que sirva como cortador para a massinha, por exemplo, tampas de desodorante, amaciante ou qualquer outra coisa que as crianças possam utilizar como um cortador que deixe a massinha no formato circular.
Depois, a professora incentivou as crianças a fazerem um pizza com a massa de modo que cobrisse todo o fundo do pratinho.
Em seguida, ela fez indagações sobre qual parte da pizza as crianças gostariam de comer e explorou a pizza inteira.
Em seguida, ela indagou como as crianças fariam se tivessem que dividir a pizza com alguém. As crianças sabiam que seria necessário dividi-la ao meio. Mas para elas, isto não siginificava necessariamente obter dois pedaços do mesmo tamanho...
Então, a professora Berenice explorou a necessidade de esforço para obter dois pedaços bem parecidos. As crianças partiram a pizza e a professora indagou qual era o nome de cada pedaço, isto é, quando partimos ao meio, cada pedaço recebe um nome especial: metade. Ela incentivou as crianças a nomearem as partes da pizza que havia sido cortada ao meio.
Em seguida, a professora pediu para elas desenharem as metades. As crianças desenharam à mão livre como havia ficado a pizza após cortada ao meio.
Depois, a professora sugeriu que as crianças usassem uma lata como molde para fazer um círculo e o cortassem ao meio. Em seguida, as crianças desenharam o recheio das pizzas.
As crianças então comeram uma deliciosa pizza na hora do lanche!

Esta mesma atividade pode ser feita de várias outras maneiras e não deve ser feita só uma vez, para que a criança possa fazer generalizações(vide Jerome Bruner).
Pode-se, posteriormente, fazer indagações sobre como elas cortariam se a pizza tivesse que ser dividida entre quatro pessoas. Pode-se fazer intervenções tais como ao introduzir o nome do pedaço especificamente, isto é, da metade, citada anteriormente.
















Agradecemos à professora Berenice pela colaboração!



Oficina de Matemática com a Professora Joana Sandes

Dia 29 de junho ocorreu a Oficina de Matemática, organizada pelo Centro de Educação Infantil 416.
A professora Joana Sandes falou sobre sua pesquisa e dissertação de mestrado: "O desenho como representação do pensamento matemático da criança em processo de alfabetização".
Ela também deu sugestões de como podem ser abordadas resoluções de situações-problema na Educação Infantil com as crianças.
Muito interessante!

Agradecemos ao CEI 416 e à professora Joana Sandes.







Encontro Pedagógico na Escola Classe 100

No dia 21 de junho, terça-feira, ocorreu o quarto e último encontro pedagógico deste semestre que reúne professores da Educação infantil de Santa Maria. No turno matutino, a presença dos professores, mesmo mediante confirmação prévia, foi reduzida. À tarde, a presença foi maior.
Agradecemos a todos os professores que compareceram e às professoras, coordenadora e gestores da Escola Classe 100 por ter-nos recebido!
As professoras socializaram as experiências, atividades e ideias que fazem parte do projeto "Minha escola, meu pomar", que se estrutura de modo a abarcar todos os eixos do Currículo da Educação Básica da Educação Infantil da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal- versão experimental.
As crianças estão cultivando tomateiros e morangueiros. Estão cuidando de várias árvores frutíferas que plantaram no gramado da escola. Estudaram sobre as propriedades das frutas. Montaram gráficos com as frutas preferidas de cada criança da turma. Fizeram várias receitas em que as frutas faziam parte dos ingredientes. Entre muitas outras atividades que as professoras socializaram com todos que ali estiveram.
Realmente um dia muito empolgante, rico em intercâmbios de ideias e sugestões!






Gráfico com a fruta predileta de cada criança da turma. "Qual a fruta mais apreciada pela turma? Qual a menos apreciada? Qual a diferença entre elas?" Construir gráficos com as crianças oportuniza que sejam feitas análises e generalizações. O gráfico é precursor da representação simbólica, é uma representação icônica de quantidades.



À direita: Tomateiros
À esquerda: jogo com regras como as do Twister, só que com frutas!

Jogo da memória feito com sucata - caixinha de suco tetra pak. É só cortar! Mais prático impossível!

Morangueiro plantado e cultivado pelas crianças.


Agradecemos a todos que compareceram!